BIOGRAFIA CRISTÃ : Benjamin Keach (1640-1704) foi Alfaiate, Pastor Batista reformado e Teólogo.
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.". (1ª Coríntios 13:13, VRA, SBB).
Benjamin Keach. (1640-1704) |
Benjamin Keach nasceu no dia 29 de fevereiro de 1640. Seus pais, John e Feodora Keach
eram protestantes de fé anglicana. Quando era jovem aprendeu o oficio
de alfaiataria. Recebeu muita influência e impacto pela pregação de um
evangelista independente, o pastor anglicano calvinista Matthew Mead. Foi batizado por João Russell (pastor batista arminiano e general militar) quando tinha 15 anos de idade, alcançando as convicções batistas através
do estudo pessoal da Bíblia. Com 18 anos de idade começou a realizar
diversas pregações sempre movidas por despertamento espiritual. Conhecia
a doutrina arminiana, mas fixou suas convicções no doutrina calvinista.
Suas origens são humildes e não foi educado em escolas teológicas, mas é
reconhecido como um dos melhores ministros-teólogos batistas de sua época.
Foi ordenado ministro na Congregação Batista Geral de Winslow e posteriormente, no ano de 1668, iniciou os seus trabalhos pastorais em Horsleydown,
uma paróquia no bairro londrino de Southwark, em Londres na Inglaterra,
ao sul do rio Tamisa. Permaneceu exercendo seus serviços pastorais em Horsleydown (1668-1704) fielmente durante 36 anos num edifício que foi ampliado várias vezes para comportar o número de ouvintes.
Charles Haddon Spurgeon. (1834-1892) |
Quando Benjamin Keach difundia seu ministério no Korsleydown não imaginaria que no futuro, depois de ser chamado de New Park Street transformar-se-ia no Metropolitan Tabernacle (Tabernáculo Metropolitano), cenário das maravilhosas pregações de Charles Spurgeon para públicos que alcançavam 10.000 pessoas no ano de 1861.
Dwight Lyman Moody. (1837-1899) |
No Tabernáculo Metropolitano muitas pessoas foram influenciadas para incendiar o mundo com a Palavra de Deus. Uma dessas pessoas foi Dwight Lyman Moody. Quando Moody visitou o Metropolitan Tabernacle ficou comovido e impactado com a ministração de Charles Spurgeon naquele lugar. Enquanto D.L. Moody considerava em sua mente tudo aquilo que tinha presenciado, Henrique Varley disse: "Moody, o mundo ainda não viu o que Deus pode fazer com um homem completamente consagrado a ele". "Mais tarde, Moody comentou que a observação de Varley e a pregação de Charles H. Spurgeon concentraram-se em algo que nunca havia imaginado: 'Não era Spurgeon quem realizava aquela obra; era Deus. Se Deus era capaz de usar Spurgeon, poderia usar-me também!".
Benjamin Keach. (1640-1704) |
Confissão de Fé Batista em Londres. (1689) |
A Confissão de Fé Batista de 1689 é uma Confissão de Fé Reformada com orientação Calvinista. Foi elaborada por Batistas Particulares que também são chamados de Batistas Calvinistas ou Batistas Reformados. São crentes batistas que enfatizam as doutrinas calvinistas e remontam aos Separatistas durante a era moderna na Inglaterra.
Henrique VIII da Inglaterra. (1491-1547) |
O movimento "Irmãos Unidos" originado no ano de 1825 que restaurou o conceito de igreja, colheu muitos frutos do movimento "Separatista" que foi o primeiro a apontar a realidade da igreja. Os "Separatistas" originaram o governo eclesiástico Congregacional que valoriza a expressão da igreja local. Quando Watchman Nee desenvolveu o tema a "base da localidade" como a real demonstração da unidade dos cristãos em determinada cidade, resgatou tal ideia no movimento "Separatista" que já falava sobre a igreja local. É importante ressaltarmos que os conceitos são desenvolvidos e expandidos, no entanto, as raízes sobre a igreja local continuam sendo as mesmas.
Assembleia de Westminster. (1646) |
A criação da Confissão de 1689 está associada ao início Batista na Inglaterra e aos diferentes posicionamentos dos "Batistas Gerais" e "Batistas Especiais". Com o advento do Arminianismo fundamentado sobre as ideias do teólogo reformado holandês Jacobus Arminius pregando o livre arbítrio, na mesma época, muitos crentes batistas aprovaram a postura arminiana de que a salvação cristã é baseada em obras. Simplificadamente, hoje os arminianistas valorizam as obras cristãs, no entanto, reconhecem que a Vida Eterna é resultado da obra de Jesus Cristo.
Esquerda: John Calvin (João Calvino), 1509-1564. Direita: Jacobus Arminius (Jacó Armínio), 1560-1609. |
John Wesley (1703-1791), fundador do movimento metodista, [leia o arquivo "John Wesley" de Setembro de 2012] abraçou a Teologia Arminiana e se tornou o seu maior defensor. Hoje, a maioria dos metodistas permanecem comprometidos com o Arminianismo, inclusive, a Teologia Arminiana é o sistema teológico dominante nos Estados Unidos, devido a forte influência dos líderes John Wesley e Charles Wesley.
Os irmãos Wesley foram os que mais advogaram a causa dos ensinos da soteriologia arminiana. John Wesley concordou com a vasta maioria daquilo que o próprio Jacobus Arminius defendeu, mantendo as doutrinas sobre o pecado original, depravação total, eleição condicional, graça preveniente, expiação ilimitada e possibilidade de apostasia. No entanto, é importante ressaltar que John Wesley afastou-se do Arminianismo Clássico e desenvolveu o Arminianismo Wesleyano. Wesley nunca ensinou que a salvação para a Vida Eterna é resultado da perfeição, mas preferiu dizer que: "Santidade Perfeita é aceitável a Deus e somente através de Jesus Cristo.".
Confissão de Fé Batista em Londres. (1689) |
A afirmação dos batistas que apenas os fiéis adultos poderiam ser batizados, considerando que o batismo é a expressão da experiência de salvação que já aconteceu no interior do espírito humano mediante a aceitação e união com Deus em Cristo Jesus através do Espírito Santo, confrontou o conceito existente na Igreja Estatal da Inglaterra, bem como defrontou as ideias teológicas dos presbiterianos e congregacionais que apoiavam o batismo infantil. Os "Batistas Reformados" discordam em alguns pontos da teologia calvinista, por exemplo, o batismo infantil. Para os calvinistas segundo a teologia do pacto, pressupõem que os filhos de cristãos são salvos com toda a certeza baseados na predestinação, por isso devem ser batizados na infância, já os "Batistas Reformados" não levam isso em consideração. O batismo por aspersão não é aceito, considerando que o batismo por submersão é um ponto inegociável da tradição batista. Calvino considerava o Estado como algo espiritual e controlado por Deus, enquanto os batistas são indiferentes em relação ao Estado. Os Batistas tem uma visão "puritana" da reunião do culto, considerando apenas o que a Bíblia ensina sobre a reunião da igreja, já os outros segmentos reformados como os Anglicanos e Presbiterianos geralmente utilizam padrões litúrgicos históricos. Por causa desses motivos, algumas alas reformadas que são fiéis a doutrina desenvolvida por Calvino, questionam se os chamados "Batistas Reformados" são realmente reformados. Entretanto, os "Batistas Reformados" afirmam serem claramente e genuinamente reformados, declarando que são adeptos do Pacto da Graça feito apenas para eleitos.
O batismo é interpretado como um sinal da ministração decorrente da Nova Aliança realizada com os regenerados que receberam a lei escrita em seus corações (Jeremias 31:33), o perdão dos pecados e a salvação em Cristo Jesus. Os "Batistas Reformados", segundo a interpretação bíblica, creem que o batismo é a expressão pública daquilo que sucedeu no interior, ou seja, Deus Pai em Cristo Jesus através do Espírito Santo estabelece morada no espírito humano do crente - 1 Coríntios 6:17, NIV "Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele." - e essa realidade é expressada através de uma demonstração pública, a saber, o batismo.
Benjamin Keach. (1640-1704) |
Benjamin Keach é um dos responsáveis por esses aperfeiçoamentos e interpretações bíblicas, inclusive, foi um bom escritor na sua época, concluindo aproximadamente 45 obras, dentre as quais a mais conhecida é "Parábolas e Metáforas da Escritura". Também é reconhecido como o responsável pela introdução do hábito de cantar hinos nas reuniões batistas, considerando que até aquele momento sustentavam o uso apenas de salmos métricos.
Exemplo de prisão existente na época. |
No ano de 1664 foi confinado e torturado por ministrar pregações com posicionamento diverso da igreja estatal. Posteriormente foi perseguido, porque o seu livro "The Child's Instructor" (O Instrutor de Crianças), que foi escrito objetivando a instrução de crianças na leitura, escrita e aritmética, também trazia aplicações das doutrinas batistas. Os seus opositores influenciados pela política e pela religião aplicaram várias ridicularizações aos seus escritos, bem como o julgaram e lavraram uma expressiva multa para ele, um simples pregador batista.
Pelourinho. |
Ilustração de exposição e tortura no Pelourinho. |
O historiador, Dr. Michael AG Haykin, professor de História da Igreja e Espiritualidade Bíblica, e diretor do The Andrew Fuller Center for Baptist Studies do Southern Baptist Theological Seminary, disse sobre Benjamin Keach: "o seu ministério foi caracterizado por um evangelismo vigoroso, chamava regularmente os não convertidos para responderem ao Cristo glorioso e à fé salvífica.".
Geoff Thomas, pastor batista da Alfred Place, em Aberystwyth, escrevendo para Banner of Truth - Biblical Christianity Through Literature, cita o seguinte apelo de uma pregação de Benjamin Keach: "Recebam o Salvador, acreditem Nele e vocês serão salvos. Quem vocês são? Não são as grandezas de seus pecados que dificultarão as vossas almas de alcançarem a salvação em Jesus Cristo. Ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como a escarlata, ou vermelhos como o carmesim, Ele vai lavar as vossas vidas e vocês ficarão como lã branca e mais alvos que a neve.".
Sob essas pregações evangelísticas a comunidade cresceu muito, inclusive, o local de reuniões Horsleydown precisou ser expandido diversas vezes, alcançando acomodações para mais de 1.000 pessoas. Debaixo da liderança do pastor Benjamin Keach, os crentes batistas foram muito ativos na pregação do evangelho, surgindo muitas outras comunidades batistas no sul da Inglaterra.
Benjamin Keach sempre enfatizou que a obediência de Jesus Cristo a Deus é creditada na conta de cada crente. Escreveu várias obras sobre a justificação: "A Medula da Justificação" (1692); "A Aliança Eterna" (1693); "Uma Mina de Ouro Aberta - A Glória do Deus Rico e a Graça exibida" (1694); "A Escada de Jacó - O Caminho para o Céu" (1698); "A exibição da Graça Gloriosa" (1698); dentre outras.
Para Keach, um pecador vem para a posição correta diante de Deus independentemente de quaisquer atitudes boas que o pecador possa demonstrar a Deus. Pelo contrário, Cristo cumpriu a obediência que Deus requer através de sua obediência ativa [o cumprimento perfeito da Lei de Deus] e em sua obediência passiva [morte de cruz], toda essa obediência de Jesus Cristo é creditada ao pecador regenerado.
Benjamin Keach sempre ensinou que o pastor precisa dedicar tempo ao estudo e aconselhamento espiritual, sempre buscou viver a Vida da Igreja conforme os padrões bíblicos.
Richard Baxter. (1615-1691) |
Antes de falecer no verão de 1704, Keach solicitou ao seu amigo e ministro Batista do Sétimo Dia Joseph Stennett (1663-1713), que pregasse no seu velório uma porção de 2ª Timóteo 1:12, VRA - "e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em Quem tenho crido e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu tesouro até aquele Dia.". A atitude de Benjamin Keach foi maravilhosa, porque ele sempre publicou textos teológicos combatendo a necessidade de guardar o Sábado na Nova Aliança, entretanto, nunca permitiu que suas visões e interpretações bíblicas afastassem os seus irmãos em Cristo que tinham percepções diferentes. Keach sempre destacou que o centro do evangelho é Cristo e não as interpretações bíblicas.
FONTE:
Livro: Moody - uma biografia.
414 páginas.
Autor: John Pollock.
Editora: Vida. (Brasil).
Série: Acadêmica.
Church History.
The Reformed Reader.
Keach's Meeting House.
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Textos diversos.
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Queira participar, sem contundir com postura racista ou idealistas. Somos liberais em pensamentos, porém temos postura de formação bíblica convicta do seu autor.